Agentes da SuperVia foram flagrados agredindo passageiros.
Em greve há três dias, os ferroviários informaram, na noite desta quarta-feira (15), que vão manter a paralisação no Rio de Janeiro por tempo indeterminado. As informações são do Sindicato dos Ferroviários. Segundo o presidente do sindicato, Walmir de Lemos, a decisão foi anunciada em assembleia realizada em Deodoro, na Zona Oeste.
O sindicato informou que quer a readmissão dos 11 funcionários dispensados nos últimos quatro meses. Mais cedo, Walmir de Lemos se reuniu com o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, e com diretores da SuperVia, empresa que administra a linha férrea.
Logo após uma rodada de negociações com o Sindicato dos Ferroviários, intermediada pelo presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio, deputado Marcelo Simão (PHS), a SuperVia comprometeu-se a readmitir sete dos 11 funcionários, além de pagar 12 meses de salário e plano de saúde para mais um destes funcionários.
Desde o início da greve dos ferroviários, passageiros sofrem com atrasos, lotações e tumultos nas estações. Na manhã desta quarta-feira (15), agentes da SuperVia foram flagrados pelo cinegrafista Eduardo Torres agredindo passageiros em Madureira, no subúrbio.
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A Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp) reforçou sua fiscalização nas estações e os técnicos da câmara de transporte vêm recebendo relatórios diários sobre a circulação dos trens e o atendimento aos usuários.
A agência informou que por causa das agressões flagradas nesta quarta determinou à SuperVia que reveja o modelo de segurança da área de treinamento, especialmente em relação aos agentes que lidam diretamente com o público. A agência informou que já abriu processo regulatório específico sobre o assunto, que deverá ser julgado em sessão regulatória, em data a ser definida.
Pelo segundo dia consecutivo, a circulação de trens foi interrompida, excepcionalmente, às 21h desta quarta-feira (15) no Rio de Janeiro. Segundo a SuperVia, a paralisação aconteceu por falta de maquinistas. Normalmente, a interrupção dos serviços ocorre às 22h30.
PM pede atenção especial na atuação em estações de trem
A Polícia Militar informou na noite desta quarta-feira (15) em seu site que determinou aos batalhões que dêem uma atenção especial às estações de trem em suas áreas de atuação.
A intenção, segundo a PM, é preservar o patrimônio e a integridade física dos usuários, além de evitar tumultos, como o que aconteceu em Madureira.
A Agetransp havia solicitado ao comandante geral da Polícia Militar, coronel Gilson Pitta, que montasse um esquema de policiamento especial em todas as estações ferroviárias da SuperVia, a concessionária de trens.
Presidente da SuperVia diz que é preciso mudar treinamento de agentes
O presidente da SuperVia, Amin Murad, afirmou, em entrevista ao Jornal Nacional, que é preciso mudar o treinamento dos agentes da empresa.
“Nós temos que rever nossos sistema de treinamento, já que permitiu que quatro pessoas perdessem totalmente o controle. Essas pessoas não estavam preparadas para esse momento e perderam o controle. Nós temos que analisar profundamente nosso sistema de treinamento e revê-lo, refazê-lo, enfatizando essas imagens. Elas nunca mais sairão do nosso sistema de treinamento - como não proceder, como estar contra o código de ética da companhia, para que isso nunca mais se repita”, disse.
De acordo com a SuperVia, quatro agentes que teriam participado da agressão foram demitidos. A empresa informou também que os funcionários são agentes de apoio ao cliente.
Segundo Murad, os agentes "estão preparados para orientar os passageiros e não estavam preparados para um momento tão complexo da greve com trens superlotados com muitas portas abertas, e na hora de atuar, perderam o controle." Segundo ele, a ação dos agentes nesta quarta “é absolutamente inaceitável pela empresa. A empresa não concorda com isso, é contra o código de ética. Elas estavam agindo de forma sem controle, perderam o controle ao agir em nome da companhia.”
Reclamações de passageiros
Os passageiros que partiam na noite desta quarta-feira (15) da Central do Brasil reclamavam do atraso nas saídas das composições, da superlotação e da falta de segurança dos carros.
Segundo o estudante Leandro Finamore, os trens para Queimados, na Baixada Fluminense, saem com mais de 40 minutos de atraso, quando o prometido pela empresa é um intervalo de 20 minutos.
A auxiliar administrativa Milena Manfredini também reclama da demora dos trens para Nova Iguaçu, também na Baixada Fluminense.
“Os trens já saem atrasados e para agravar ainda mais o problema, eles resolvem em cima da hora trocar a plataforma de embarque, aí fica esse corre-corre porque todo mundo quer viajar sentado”, explicou a auxiliar.
Desde segunda-feira (13) quando começou a greve dos ferroviários, o mecânico José do Nascimento decidiu susbstituir o trem pelo ônibus.
“A passagem de ônibus de Nova Iguaçu para o Centro do Rio custa R$ 4,90 enquanto o trem custa R$ 2,45, mas infelizmente tive que optar pelo onibus porque o trem esta muito lotado, não da pra ficar nem em pé”, reclama José.
Assalto dentro do trem
A falta de segurança nas estações e nos trens é outra queixa recorrente de quem costuma utilizar o transporte. O auxiliar de eletricista Randal Pessoa disse que teve a carteira furtada dentro do trem, na viagem que fez na tarde desta quarta-feira entre Bangu, na Zona Oeste, e a Central.
“Não tem segurança alguma dentro dos trens e nas estações. Além de mim, conheço outras pessoas que já foram furtadas e ate roubadas dentro dos trens. Reclamei com um dos agentes de segurança da empresa e eles disseram que varias pessoas também reclamam desse mesmo problema”, desabafou Randal.
Espera de quase duas horas
Os vendedores Elaine dos Anjos e Renato dos Santos preferem esperar por quase duas horas para pegar um trem menos cheio.
“Nós chegamos aqui por volta das 17h30 e só vamos pegar o trem para Saracuruna (em Caxias, na Baixada) às 19h27 porque ele é um pouco mais vazio. Não tem condições de fazer uma viagem de quase uma hora espremido”, disse Renato.
A SuperVia informou que os trens com destino a Japeri e Santa Cruz circulam com intervalos de 20 minutos na noite desta quarta-feira. As composições com destino a Belford Roxo e Gramacho operam a cada 30 minutos. Nesta noite não haverá trens para Paracambi e Vila Inhomirim.
A concessionária admitiu que os horários dos trens estão irregulares e que as saídas estão sendo passadas pelo sistema de som da Central. Ela informa que lamenta a irregularidade dos horários, mas eles admite que está com uma situação atípica.