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Na segunda-feira, o presidente venezuelano lançou uma campanha para um referendo que pode autorizar que ele concorra à Presidência novamente. Ex-soldado que tentou chegar ao poder pela primeira vez através de um golpe em 1992, Chávez acredita que pode vencer uma votação no começo do próximo ano, antes que a baixa no preço do petróleo atinja a nação altamente dependente da exportação do óleo.
"Estou aqui para ficar", disse Chávez, quase uma semana após perder terreno nas eleições regionais. "Nós iremos ganhar e, acima de tudo, com um nocaute". Ainda popular por sua política populista, Chávez não promoveu a criação de um óbvio sucessor. Uma derrota poderia encerrar seu sonho de governar por mais pelo menos 10 anos e dar a seus oponentes uma nova esperança de chegar à Presidência.
"Se ele perder, isso será muito decisivo. Poderá fazer dele um presidente indefeso", afirmou Steve Ellner, autor do livro Repensando a Política Venezuelana. O líder anti-americano espera manter seus oponentes ocupados tentando bloquear um golpe ao invés de priorizarem governar os populosos Estados em que venceram nas eleições de novembro.
Chávez, de 54 anos, interpretou os resultados como uma ampla vitória apesar do avanço da oposição, e agora demonstra que irá aprofundar suas políticas socialistas, como dividir grande fazendas e aumentar o controle do Estado sob a economia.
Enquanto seu partido conquistou milhões de votos a mais do que a oposição, os chavistas perderam regiões importantes como Caracas, permitindo que os inimigos de Chávez governem quase metade da população venezuelana. Com a depreciação do petróleo, o presidente parece ter percebido que é agora ou nunca que ele se manterá no poder. "Amanhã, não, não e não. É agora", destaca Chávez.
"Chávez tem todas as razões do mundo para achar que irá ganhar", continua Ellner. Por outro lado, Patrick Esteruelas, analista do Grupo Eurasia, ressalta que após a fracassada tentativa de mudar a Constituição no ano passado, o presidente venezuelano "não conseguirá explicar outra derrota nas urnas" se sua nova empreitada falhar.